quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Achei esse conto, de cinco de agosto de dois mil e oito,

Naquela hora sempre batia o sol. Um sol quente, com um vento seco, que traz em seu silêncio risada de crianças, suspiros de amantes abandonados e o barulho da nascente do rio. Era ali, na janela que tudo tinha começado, sob aquele ar que com um suspiro dado nutre sua alma e deixa a vontade de voar junto com a brisa.

Lavínia sempre foi uma criança meio diferente, quando era muito pequena observava na ponta dos pés pela janela, e via as outras crianças indo pra escola, via as folhas das árvores dançando ou sendo molhadas pela chuva. Via a vida acontecendo. E via também na tv desgraças, via novelas onde as pessoas sofriam e faziam coisas terríveis, via sua avó reclamando da novela e mesmo assim fazia bem parecido. Lavínia adorava observar. Olhava e se perguntava o que seria isso, o que motivava tudo. Um sorriso, uma lágrima, um toque, era tudo tão fascinante.

Na hora de dormir a lua em certa época do mês deitava a seu lado na cama, com uma luz que era gostosa, como se tivesse fazendo cafuné, e ela tinha certeza que ouvia fadinhas lhe dando boa noite na sua última respiração consciente. No colégio tirava notas boas por causa de seus pais e sua irmã que mandava ela estudar todos os dias antes de ver desenho e soltar pipa.

Ela era diferente porque seus olhos brilhavam de uma forma quase hipnotizante, e combinava com seu sorriso. O brilho vinha de dentro dela, era sua alma querendo fugir, escapar e viver um pouco da vida de todo mundo do mundo, ver como era sentir tudo que fosse possível na Terra. Sentir, viver, olhar.

Suas amigas e amigos faziam muito bem pra ela, quando todos davam risadas juntos, algo que vinha de dentro a confortava, e ela desejava muito forte que o momento se congelasse para ela poder olhar cada detalhe da felicidade que brotava do meio das pessoas, inclusive dela mesma.

Como poderia ser ? Parecia magia, magia da vida, da vida de dentro.

Adorava quando andava de bicicleta porque se sentia uma diretora de cinema que passava uma cena muito rápido, e enquanto passava por uma mãe andando de mão dada com seu filho pequeno e via que a mulher ia falar algo, ela já estava longe, e o que lhe restava era continuar a cena em sua cabeça: o que falaram, o calor do toque das mãos, o estado permanente da criança de aconchego e curiosidade, e da mãe pensando em seu amante ou de como deveria educar o filho.

Já um pouco mais velha algo que lhe fazia bem era ouvir conversas das pessoas do seu dia-a-dia, e fingia concordar ou discordar só para dar prosseguimento ao assunto. O que lhe dava prazer mesmo era ver como coisas que aprendera na escola que eram abstratas, eram mais do concretas. Sentimentos são tão palpáveis que dá para você sentir e fazer o outro sentir, ou convencer de que está sentindo também.

Porque não era esse o assunto da televisão? Porque não ao invés de se ensinar como contar dinheiro não ensinavam como olhar para dentro das pessoas? Como tudo é energia e sentimento, e como nos unimos com um toque?

Quando se apoiava na janela sentia também que o vento a puxava junto, e falava em seu ouvido que ela fazia parte daquilo tudo. Da mata, dos homens, dos prédios, das ruas, dos pássaros: de tudo de bom e de ruim. Era tudo feito da mesma coisa: vida.

Era um presente tanto quanto engraçado, como uma piada irônica liberada em um semi-riso de lado. Trocava de roupa e sua consciência estava lá fora, chegava de noite e suspirava dando boa noite aos seus companheiros de existência que ela não conhecia, mas sentia muito forte.

Um dia ela descobriu um perfume. Que delícia de cheiro, fazia formigas cocegarem por dentro de seus dedos, fazia ela sorrir soltando uma vergonha sem-vergonha que era muito confortante.

Todo dia que acordava agora, queria sentir o perfume que causava tantas sensações diferentes dentro dela, queria abraçar o perfume, mostrar pra ele a lua dando boa noite, queria mergulhar no mar e beber da cor que o por-do-sol colore a água salgada tão cheia de força.

Alguns dias depois, o perfume veio falar com Lavínia, e ela viu o brilho nos olhos que também hipnotizada, tão brilhoso que parecia que entrava dentro dela e conversavam sem palavras, se encontravam em outra realidade. Mas para quem via, falavam sobre casualidades: mal sabiam os olheiros que as melhores conversas entre eles eram com os olhos.

Os lábios falavam que não enquanto os brilhos já unidos pediam por mais. Ela já sentia uma leve vertigem depois de encontrar com o Perfume, achava que tudo no mundo fazia uma breve saudação falando que era apenas o começo e que aquilo existiria para ela sempre que quisesse.

Sentava na janela para fechar os olhos e participar também do vento, mandava sentimentos e pensamentos para quem mais quisesse escapar e dar uma volta na brisa, era tão bom. Quando chovia e tinha que fechar a janela, via as paredes murmurando músicas sobre dias tristes, mas sua explosão preenchia o quarto que as vezes parecia que a casa toda ia se desmontar. Uma felicidade eufórica inebriava enquanto tentava pegar no sono.

Um dia Ela e o Perfume fizeram uma coisa onde os dois ficaram flutuando em outra realidade, como se vivessem experiências de um tempo que ainda vai existir, voavam juntos e sem culpa: eram livres. Lavínia viu que dia e noite eram categorias inventadas pelo homem para quebrar o tédio, assim como a hora do almoço e da janta, a hora de dormir e acordar. De trabalhar e descansar.

Em algum tempo atrás determinaram que todos deveriam cumprir funções com laços nos olhos, se rastejando enquanto obedeciam. Mas eles dois não precisavam disso, tinham seus próprios anseios e vontades, não olhavam as horas mas sim as mudanças de sentimentos e as rugas no rosto.

Não precisavam também de papéis assinados para saber que seus seres se apaixonavam a cada segundo, e a cada segundo que passava ansiavam pelo próximo para poder de novo se apaixonar.

Isso acontecia como um ciclo, as vezes difícil de ver onde começava e terminava.

Mas um dia Lavínia percebeu que o Perfume estava ficando menos forte e tudo perdia a cor. Sentiu um desespero sufocante, tudo se tornou muito desbotado e sem movimento. O vento agora vinha beijar sua face com uma secura do deserto, onde o calor amassa esperanças, mas não amassa o suficiente para deixar que morram. Faz uma brincadeira onde a esperança acha que pode viver, e quando vê que não tem mais como, calorosamente é acordada, para então de novo ser consumida.

A angustia era amarga, até que o Perfume acabou.

Acabou também o brilho dos olhos de Lavinia, que se entregou a tudo que nunca entendeu. Cumpria funções, assistia tv, olhava as horas e ainda colocou uma cortina na janela.

O que sentia agora era etéreo, indefinível. Viveu assim uma época, até que um dia que tinha posto as cortinas para lavar, se encostou na janela para suspirar dor e angustia, e viu.

Aliás, sentiu com uma ultima faísca de vida colorida que restava nela (era uma parte ligada ‘as lembranças) um ser humano passando perto de sua janela, mas brilhava tanto que chegava a incomodar. E observou como a pessoa sorria e sentia, quase fazia parte do mundo que pulsava.

Isso remoeu muito tempo dentro dela, um tempo que passava de lá pra cá. Quando isso acabou, Lavínia acordou e arrancou as cortinas.

Viu de novo a beleza da vida, começou a viver o delírio do deleite novamente, e quando sentia saudades, se lembrava do cheiro do Perfume e ficava feliz por ter aprendido tanto com ele.

Ela começou então a ensinar a seus filhos como viver de verdade, sem procurar onde está escrito o que fazer, e sim escutar pra onde sua alma quer fugir. Depois de muitos anos de vida, ela aprendeu que a gente vive coisas boas para aprender lições, a vida leva para outro lugar o que pareceu que nunca ia embora, e só depois dá pra perceber que carregamos faíscas divinas e de tudo mais que existe dentro da gente, e fazemos com elas o que escolhemos.

Brilhar é uma opção nossa.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Paz



Paz eh um sentimento que nunca tinha entendido muito bem. Sempre achei que era uma utopia, ou algo que fosse possivel sentir apenas por poucos minutos, pois os pensamentos sobre minhas responsabilidades ou o que ainda tinha que fazer ateh a hora de dormir.

Agora eu entendo o que paz significa para mim.

Significa estar no lugar certo, na hora certa. E saber que um vento pode chegar e mudar tudo, mas se voce confiar, vai chegar em outro bom lugar.

E nao se sabe qual eh o lugar certo para voce ateh estar la. Respirar o ar, observar o sol, olhar o verde da grama e saber que voce simplesmente faz parte daquilo. Pode ser que seja por apenas mais meia hora, mas naquele momento presente voce e aquilo sao a mesma coisa, a mesma energia, a mesma vibe, uma unica sintonia.

Tenho ainda muito para escrever sobre como foram as ultimas semanas, mas estou sem tempo agora. Ainda nao tenho computador, tenho que pedir emprestado.

Tenho vivido uma vida diferente agora que o sol chegou e derreteu a neve. Caminhadas por todas as trilhas, todos os caminhos que consigo enxergar.


quarta-feira, 23 de março de 2011

Fim de temporada

Fim de temporada em Aspen, a primavera ja chegou de um jeito diferente do que eu conheco, a neve vai derretendo um pouco mais a cada dia com o calor do sol e as pessoas que voce se acostumou a conviver estao voltando para casa.

Mas ainda tem algo no ar, a magia que faz gente de todo os cantos do mundo virem para cá e nao terem vontade de ficar em outro lugar do mundo.

Todo mundo se apaixona por Aspen, a cidade é muito pequena, depois de dois meses voce ja conhece e sabe da vida de todos que trabalham nos lugares que dao vida para as recordacoes de turistas que passam alguns dias aqui e acham que a viagem valeu a pena, que ja conheceram e fizeram as melhores coisas.

Mas as melhores coisas daqui sao as pequenas coisas. E poder dar bom dia para o motorista e ele lembrar de voce, e ir na padaria e encontrar seu amigo trabalhando, e ai ganhar uma bagel de graca, e ver que os clientes voltam no restaurante para te ver, dar presentes e se despedir.

Foi uma escolha minha ver todos irem embora e ficar para ver o que acontece. Pessoas que eu vou lembrar para o resto da minha vida, que poderei descrever todos os detalhes do sorriso, do jeito, do cheiro, mas nunca vou saber se eles conseguiram realizar o sonho da vida deles, se tem filhos, se estao vivos ou mortos.

Mas isso é que significa ser imortal, fazer com que lembrem e falem de voce, e assim voce continuara vivo e outros seres humanos que nem te conheceram poderem ter a sensacao de que ja foram intimos.

O vento sopra em varios lugares, em varias direcoes, mas a gente tem que ficar onde aquece mais o coracao. As vezes tambem aperta bastante, porque sinto que posso sentir e sonhar de leve com a brisa do mar, com a sensacao de estar no lugar mais perto do ceu, onde o vento nasce. Mas ele me trouxe ate aqui, e disse que tenho que ficar um pouco mais.

Agora tenho dois empregos, nenhum dia de folga, nao tenho tempo nem para lavar as roupas ou pintar as unhas, mas faltam apenas tres semanas para a montanha fechar, e todos os colegios e faculdades estao no Spring Break, que eh uma pausa das aulas, entao tem muito movimento todo dia.

Eh bastante tentador largar tudo para poder respirar e descansar o que mereco, mas sinto que se fizesse agora seria como estar escapando da corrente que leva para um lugar onde os objetivos sao maiores e as recompensas tambem.

Sao quase uma da manha e amanha tenho que acordar cedo para trabalhar. Espero ter mais tempo para escrever em breve, para poder contar para voces um pouco mais do que está acontecendo por aqui.

Segue uma musica dos Gipsy Kings, para quem entendeu as entrelinhas. ;)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Cotidiano

Acordar as sete e meia, olhar pela janela e ver que esta nevando. Tomar cafe, se vestir e sair para nao perder o onibus. No onibus comprimentar o motorista, e ver metade do onibus indo trabalhar e a outra metade indo para a montanha, vestindo roupas coloridas, segurando as pranchas de snowboard ou os skis. Quando chega no shopping de Snowmass se preparar para enfrentar o frio.

Sempre quinze minutos adiantada, passar na padaria para comer um bagel e ir para o trabalho. Chegar la, ver o gerente que parece que nunca dorme ja trabalhando com cara de ocupado, sendo que no dia anterior voce foi a ultima a sair do restaurante e ele ainda estava la parecendo ocupado tambem.
O chef é um americano, com cara engraçado mas que fala firme. O resto da cozinha toda é de mexicanos, que escrevem coisas em espanhol, ouvem uma rádio em espanhol, e se divertem enquanto fazem a preparaçao de tudo antes do restaurante abrir.Os mais novos tem umas tatuagens no pescoço, e os mais velhos todos tem cabelo grande e bigode.

Cada dia é um bartender diferente que abre o bar, tem o B., que parece um fantasma de tao branco, com uma boina preta e olhos muito azuis. Tem outro que usa saia de escoces e mora aqui há quinze anos, entao as vezes pessoas vem para ver ele, que é como se fosse um ícone.

Os meninos da cozinha sao muito legais, todos americanos, um de New York, outro do Texas, outro da California e outro de Massachussets. Pensam em snowboard o dia inteiro, falam de snowboard o dia inteiro também. Eles tem um speaker na cozinha, ai cada hora colocam uma música diferente. As vezes toca uns hip hops de New York que tem umas coreografias engraçadas, as vezes toca red hot, e as vezes toca umas musicas instrumentais que parecem a trilha sonora para voce descer a montanha deslizando em cima da prancha.

Trabalhar como server é bem divertido, sugerir bebidas e pratos para os clientes, e pedir ajuda para os outros servers. H., do Peru, mora nos EUA desde os tres anos de idade, mas de alguma forma inexplicavel ainda tem o sotaque peruano. K., do sul da California, é engracada e tao animada quanto a Lauryn Hill, mas é muito loira e branquinha. M., do Mexico, fala muito bem ingles mas quando fica irritada começa a falar espanhol. B. e T. sao casados, moram aqui há uns 10 anos e tem filhos com 20 e poucos anos, mas agora estao trablahando para ajudar a pagar a faculdade da filha mais nova. M., de New York tambem é muito engraçado, fica querendo aprender a falar portugues e é aquela pessoa que se voce estiver triste ele consegue te fazer rir em dois minutos. A., trabalha aqui em Aspen ha cinco anos, e em restaurante desde os vinte e tres faz o tempo passar rápido. C., que tem uma aparencia de maluca e umas 167 plasticas no rosto, de inicio parece um et, mas depois voce ve que ela quer sempre te ajudar e fazer muito dinheiro.

Enfim, é mais ou menos assim o meu trabalho!

O site de lá

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Venga Venga

Oi tudo bem? Meu nome é Talita e eu vou servir voces hoje.
Todas as comidas sao feitas aqui, a sopa é fresca, os vegetais sao comprados todos os dias.

***

To trabalhando em um restaurante mexicano que acabou de abrir.Estou muito feliz porque eu gosto muito de trabalhar em restaurante. Como ele é novo, ninguém se conhece há muito tempo, nao tem panelinha nem nada do tipo.

Tem gente da Africa do Sul, Massachussets, California, Espanha, Argentina, Texas, Peru, Nova Iorque, Suécia.

Aí estou trabalhando lá direto, super disponível para eles, e por isso eles me dao muito crédito.

Ainda tem gente que eu conheco que nao arrumou emprego, tem gente que já voltou pro Brasil...

Mas fora isso estou super hiper feliz por estar trabalhando em uma coisa que eu gosto e me divirto, o tempo passa muito rápido. É incrível como as coisas acontecem como tem que acontecer né, acho que era para eu vir para Aspen e trabalhar no Venga Venga mesmo, apesar de outro emprego ter me trazido para cá.

O frio aumenta cada vez mais, tenho que comprar mais roupas.


Passei o ano novo dentro do onibus, porque fiquei trabalhando até onze e meia, mas vi os fogos de longe. Vou tentar tirar mais fotos, mas nao consigo por aqui.

Outro dia vi uma raposa pela janela, parece um husky marron.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Happy holidays?!

Oie!!

Por causa do natal a biblioteca fechou...Entao nao pude escrever...

Ainda procurando por outro emprego, mas acho que dessa vez vai dar certo, assim que conseguir eu conto os detalhes.

Me sinto no Big Brother, muitas coisas confusoes acontecendo por causa de pessoas e empregos.

"O homem eh o lobo do homem" (john locke)

Abaixo, os videos que gravei aqui:(tem que clicar em cima para abrir)

Indo para cidade

Na cidade

Na cidade 2

Caminho para Snowmass

No lift

Coral de Natal


Na cidade todas as lojas sao pequenas casinhas, existem os sebos, os brechos, lojas de tapete, tudo muito bonito e bem caracterizado, parece que a gente anda por algum cenario de Hollywood onde cada pessoa representa um personagem.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Descricao do cotidiano

*Dia de trabalho

Acordar cedo, sair do quarto sem fazer barulho para ninguem acordar. Comer cafe da manha, que normalmente e cereal com leite e torrada com cream cheese, quando tem muita fome. Abrir a porta para ver qual a temperatura...Se estiver chovendo, e porque esta acima de zero graus, provavelmente uns dois ou tres...se estiver nevando, e porque esta abaixo de zero. Olhar na janela da C. se tem alguma luz acesa. A paisagem e o condominio, com as arvores sem folhas com neve em cima, como se ela estivesse se equilibrando cuidadosamente como as pessoas que andam em cima de cordas nos circos. A montanha atras, toda branca, com varios pinheiros tambem equilibrando a neve. Sentir o vento batendo no rosto e deixando tudo um pouco mais gelado, mas bem bonito. Depois do cafe, pensar em quantas roupas vai usar. Provavelmente tres meias calcas, um jeans, uma blusa, um casaco, um casaco de botao e o casaco de neve em cima. Vestir as botas de neve. Andar ate o ponto de onibus, subir aquela ladeira cansa um pouco por causa da altitude. Esperar o onibus enquanto alguns argentinos conversam animados, algumas pessoas de carro param para pegar o jornal da cidade que e de graca. Os brasileiros normalmente observam o que acontece.
O onibus chega, quem ta com prancha de snow ou ski coloca do lado de fora, no onibus sempre tem alguem conhecido ou algum brasileiro.

- Oi!
- Oi td bem?
- Mora no Marolt tambem?
- Sim, no apt ***, e vc?
- Moro no ***.
- E ai, ja conseguiu emprego?
- Nao, to indo procurar na cidade. To desesperado(a), cheguei aqui ha duas semanas.E vc, ja tem emprego?
- Eu vim do Brasil com um emprego, mas eles contrataram muita gente e ainda nao tem movimento, entao trabalho poucas vezes na semana...Ai to procurando outro.
- Ah...E sua primeira temporada aqui?
- Eh sim!E vc?
- Tb!!!
(O onibus chega no ponto)
- Ah entao ta valeu, qualquer coisa bate la, moro no ***.
- Ta bom!!Boa sorte!!!
- Pra vc tb!!!

Ai e descer do onibus na rua principal, que e uma das poucas que tem sinal de transito, as outras nao tem, as pessoas simplismente param para voce atravessar. No fundo tem a montanha de Aspen, com a gondola funcionando, os onibus coloridos passando, as pessoas todas bem vestidas. Alguns usam roupas coloridas para snowboard, e as outras que estao indo para o trabalho bem vestidas, com casacos e botas bonitos. Todas mulheres maquiadas e bem arrumadas. Os homens tambem.

No trabalho vender doces e sorvetes, fazer algumas sobremesas para o restaurante que fica em cima. Sempre cumprimentar, perguntar como a pessoa esta, desejar um bom dia, torcer para dar gorjeta. De vez em quando nao entender o que o cliente quer e pedir ajuda para alguem mais antigo.

Conversar com os amigos em portugues, para poder chamar o cliente de pao duro ou reclamar de alguma coisa, porque la trabalham apenas pessoas que falam ingles(apenas), portugues, e alguns mexicanos na cozinha.

*Passeando na cidade

Andar sentindo a neve bater no rosto, gelado, mas mais suave que quando chove. Andar no meio das arvores iluminadas, ouvir beatles, led zeppelin e elton john no radio. As lojas todas coloridas e bem arrumadas, de vez em quando achar algum restaurante de comida organica, com sucos gostosos e saladas diferentes. Tem as pizzarias, que o pedaco e enorme e onde normalmente so toca rock n roll. Reparar na feicao de todos que cruzam seu caminho, da para identificar os americanos, argentinos, brasileiros, mexicanos e os que sao de algum outro lugar, como australia ou africa do sul.
Qualquer lugar que entrar a agua e de graca e voce e bem tratado. Reparar que tudo e muito tipico, o cara da biblioteca tem olhos muito azuis, cabelos brancos despenteados, e muito paciente e explica tudo direitinho, tem um ar de filme de fantasia, que a qualquer momento vai te chamar e abrir o caminho para Narnia no meio dos livros.

O motorista do onibus tem cara de mexicano, fala um ingles um pouco diferente e tem um ar que esta sempre preocupado ou aborrecido com alguma coisa. Os americanos que voce cruza na rua tem as roupas mais bonitas, tem a pele acostumada com o frio, os olhos claros ou parecendo de vidro. As americanas normalmente sao loiras, muito chiques, com as unhas pintadas e uma maquiagem bonita e suave, que aparenta ser toda da channel ou algo assim.

O dono do condominio parece um fazendeiro rico, muito branco e loiro, com oculos, e rondando para ver o que esta fora dos conformes, pensando sempre na coletividade, ou seja...nao podemos ficar muito tempo o aspirador de po porque alguem pode precisar, ele sempre tem troco para colocarmos na maquina de lavar, todos os dias ele tira a neve do caminho dos pedestres e checa se o lixo esta no devido lugar.

Na montanha voce ve muitas pessoas, adultas e criancas deslizando no tapete branco de neve, se divertindo e de um jeito desorganizado, dancando enquanto descem ate o pe da montanha.